terça-feira, 2 de agosto de 2011

Danza Voluminosa


 Dançar é uma forma de amar.
                          Pina Bausch

Há alguns anos uma companhia de teatro-dança colombiana esteve aqui por esses lados. Uma das atrizes não correspondia ao ideal de leveza de uma atriz-dançarina, ela era gorda. Após o espetáculo uma das pessoas que estava comigo disse, sem o menor pudor: "Acho de muito mal gosto colocarem uma bailarina gorda no elenco, ainda mais em um papel de tanta importância, isso estraga o espetáculo!"

Notem: o critério de avaliação da pessoa não foi a expressão da atriz,  não foi o desenvolvimento do seu papel, não foi a construção do espetáculo e muito menos a mensagem/ reflexão/ sensibilização que um espetáculo desse tipo propõe.
O critério foi o peso da atriz que "estraga" o espetáculo por não se enquadrar no padrão que a dita espectadora acha ideal para alguém que dança num palco.

A mesma pessoa teve espasmos quando soube que eu-gorda namorava um belo rapaz (magro) muito bacana e gente fina. Para alguém assim, uma pessoa como eu, era no mínimo incompatível com um rapaz tão bonito e tão bacana. Claro que mandei essa dita as favas, e que seja bem feliz longe de mim.

Mas estou aqui para mostrar o Danza Voluminosa companhia cubana de dança (saiba mais aqui). Fico aqui com os meus botões pensando em qual seria a reação de alguém que pensa que uma atriz gorda estraga o espetáculo, diante de um espetáculo feito exclusivamente por mulheres gordas. E sim, pasmem senhoritas: a expressão corporal não é uma questão de estrutura física.


Vida longa a experiências desse tipo! Com a bênção de Pina e de Alícia!

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